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Simão Dias,27/11/2024

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Lula afirma que ONU ‘não tem coragem’ de criar Estado da Palestina

Na véspera da Assembleia Geral em Nova York, presidente brasileiro disse que Nações Unidas poderiam ter evitado genocídio em Gaza ‘se cumprissem com sua tarefa de ser uma governança mundial’

Opera Mundi com Ansa
Lula afirma que ONU ‘não tem coragem’ de criar Estado da Palestina Reprodução/Ricardo Stuckert/PR Presidente da Fundação Bill e Melinda Gates, Bill Gates e o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a cerimônia de premiação anual da iniciativa Goalkeepers, em Nova York

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, criticou a Organização das Nações Unidas (ONU) nesta segunda-feira (23/09) ao afirmar que a entidade “não tem coragem” de criar o Estado da Palestina. O mandatário ainda acrescentou que o genocídio na Faixa de Gaza poderia ter sido evitado “se a ONU cumprisse com sua tarefa”.  

A declaração foi proferida durante um evento promovido pela Fundação Bill e Melinda Gates em Nova York, nos Estados Unidos, onde a autoridade brasileira recebeu o prêmio Goalkeepers pelo mérito de políticas de combate à fome e à pobreza em seus governos.  

A fala também foi realizada na véspera da abertura da Assembleia Geral da ONU e no contexto da escalada de tensões no Oriente Médio, com bombardeios israelenses atingindo o Líbano, inclusive a capital de Beirute, e matando centenas de civis.   

“Quando a ONU foi criada, tinha 51 países, agora tem 193. Significa que mais de 140 não participaram da criação da ONU. E a ONU, que, quando foi criada, teve força de criar o Estado de Israel, hoje não tem coragem de criar o Estado palestino. Não tem força para decidir”, afirmou Lula, aproveitando a atenção recebida no evento ao lado de Bill Gates.  

“Não precisaria ter tido a guerra da Rússia na Ucrânia, o genocídio na Faixa de Gaza, a invasão da Líbia, a guerra do Iraque. Tudo isso poderia ter sido evitado se a ONU cumprisse com sua tarefa de ser uma espécie de governança mundial”, acrescentou o presidente em seu discurso.  

Lula também voltou a defender a ampliação dos assentos permanentes no Conselho de Segurança e o fim do poder de veto que, em diversas ocasiões, impediu o cessar-fogo no enclave palestino.  

“O mundo não pode continuar com cinco países sendo membros do Conselho de Segurança, tem que ter participação do continente africano, latino-americano, asiático, para que a gente possa ter uma instância mais plural e representativa. Ninguém mais respeita uma decisão da ONU”, criticou, acrescentando que “não há governança e nem autoridade mundial”. 

Lula critica ricos ao lado de Bill Gates  

Após receber o prêmio Goalkeepers, Lula usou o espaço para criticar os super-ricos ao lado de um dos homens com maior poder aquisitivo no mundo, o Bill Gates.  

“Eu achava que precisamos passar fome para lutar. Mas isso não leva ninguém à revolução. Isso leva à submissão”, declarou o presidente brasileiro, afirmando que “rico não precisa do estado”, e sim aqueles que “não têm a oportunidade de estudar”.  

O mandatário também apontou para a possibilidade de erradicar a fome, uma vez que o problema “não é falta de dinheiro”, mas sim “gente cada vez mais rica sem produzir um copo e vivendo de especulação”. Lula mencionou o ano de 2023 para destacar que a circulação de US$ 2,4 trilhões em armas. Segundo ele, esses recursos seriam suficientes para acabar com a fome.  

“A fome não é falta de dinheiro, mas falta dose vergonha na nossa cara de quem governa o mundo”, declarou. “Não sou contra ricos. Mas sou contra existir gente pobre”. 




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